Caracteristicas dos filhos de Oxum
Quem é Oxum?
Oxum é a rainha soberana das águas dos rios e das cachoeiras. Seu nome deriva da palavra Osun, que é um rio que corre pela região da Nigéria. Por ser a senhora das águas doces, elemento essencial para a existência da vida, ela é uma das responsáveis pela existência humana.
Deusa do amor e senhora das emoções, Oxum é a responsável por acalmar as tempestades emocionais que atingem a vida dos homens e mulheres. Ela acolhe as emoções e as dores das pessoas, oferece acalanto, tranquilidade e inspira para que as melhores decisões sejam tomadas.
Muito vaidosa, Oxum também é considerada a orixá da beleza e representa o ouro e a riqueza. Ela gosta de usar diversos colares e jóias e está diretamente ligada às riquezas materiais e emocionais da vida.
Filha de Iemanjá e de Oxalá
Oxum é irmã de Iansã, orixá dos raios, trovões e tempestades, e uma das esposas de Xangô. É cultuada como deusa do amor e senhora da fecundidade. Aqueles que desejam ter filhos recorrem a ela, que é uma mãe serena, amorosa, que cuida com zelo tanto dos seus filhos quanto do seu marido.
Oxum tem como um dos seus principais símbolos o abebé, que é um leque que possui um espelho em sua superfície, referência à beleza e à vaidade da orixá. Ela mesmo se encanta com sua perfeição e por isso está sempre contemplando sua imagem.
Com seu espelho, a deusa atraía os seus pretendentes e os afastava quando não desejava mais contato com eles.
As Filhas e os Filhos de Oxum
Esses são muito vaidosos, possuem um apreço especial por jóias, adereços e todas as coisas que evidenciam beleza e sensualidade. São pessoas honestas, amorosas e dedicadas. Oferecem aconchego e calmaria aos que convivem com eles.
Os filhos e filhas de Oxum consideram a opinião de outras pessoas, por isso fazem o possível para evitar conflitos. Sabem exatamente o que querem, cumprem um passo a passo até conquistarem seus objetivos, além disso, ostentam bastante sorte no amor.
Oxum em símbolos
As cores de Oxum são o dourado e o azul escuro. Aqueles que desejam saudá-la devem dizer: Orá Yê Yê Ô, que significa: clamemos pela benevolência da mãezinha, ou salve a mãezinha. A sua dança remete a uma mulher muito bonita, sedutora e vaidosa que vai até o rio tomar banho, usa colares, enfeita os braços com braceletes de cobre enquanto os balança, ressoando seus tilintares.
O cobre, um dos metais mais preciosos no país Iorubá em tempos antigos, é o preferido dessa orixá. O apreço de Oxum ao metal é tão grande que ele é cantado e falado em uma série de saudações e cantos em sua honra: “Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço. É uma cliente dos mercadores de cobre, Oxum limpa suas jóias de cobre antes de limpar seus filhos”. Este é um dos versos, que lembra o amor da deusa pelo reluzente metal.
A Oferenda para Oxum
Quem deseja agradar a Oxum deve lhe oferecer flores de cor amarela, lírios, mel, frutas e alimentos doces. Além desses, podem ser ofertados milho branco, arroz, fava e feijão preto.
O prato que mais lhe agrada é o mulukun, que consiste na mistura de feijão fradinho, cebola, sal e camarão. Também tem apreço pelo adum que é um alimento preparado com farinha de milho, mel de abelha e azeite doce. E a deusa não rejeita a carne de cobra.
Já entre os alimentos que são sua quizila, isto é, aqueles alimentos que não podem ser consumidos ou ofertados ao orixá por fazer algum mal ou cortar seu axé, estão a tangerina, a carambola e os pombos.
Imagem da resistência feminina
Diz a tradição que quando os Orixás chegaram à terra, organizaram várias reuniões, das quais as deusas não poderiam fazer parte. Oxum ficou revoltada por ser posta de lado, sem poder participar das decisões importantes, afinal, o fato de ser mulher não significava que ela não tivesse excelentes contribuições para oferecer.
Como uma forma de se vingar de tal absurdo, Oxum tornou todas as mulheres estéreis, além de impossibilitar que as atividades e as decisões tomadas pelos orixás evoluíssem.
Os deuses ficaram desesperados e recorreram a Olodumaré, o senhor supremo. Chegando até ele, contaram que, apesar de todos os esforços que faziam, as coisas não iam nada bem na terra.
Olodumaré, de maneira sábia, perguntou se Oxum participava das reuniões e assembleias, todos os orixás lhes responderam que não, então ele explicou que sem a presença da mãe das águas doces e seu poder sobre a fecundidade, nada daria certo.
A redenção da fecundidade e da ordem
De volta à terra, logo depois de terem conversado com o senhor supremo, os orixás se dirigiram até Oxum e a convidaram para que ela se integrasse às reuniões e assembleias. Mas Oxum não aceitou de maneira imediata, afinal, ela tinha ficado muito chateada com o que havia acontecido. Porém, depois de um pouco de insistência, por parte dos deuses, resolveu ouvi-los e passou a participar das reuniões.
Logo após a participação de Oxum nos trabalhos, as mulheres voltaram a ser fecundas, assim como as decisões dos orixás passaram a dar certo, proporcionando bem a todos.
Por causa desse grande acontecimento Oxum é chamada de Ìyálóòde, palavra que pode ser pronunciada da seguinte maneira: Iaodê. O título de Ìyálóòde é conferido para as mulheres que ocupam o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade, ela é a grande mãe entre os orixás.
Referências bibliográficas:
PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. São Paulo: Companhia das letras, 2001
SIQUEIRA, Maria de Lurdes. Agô Agô Lonan mitos, ritos e organizações em Terreiros de Candomblé na Bahia. Mazza Edições, Belo Horizonte: 1998.
VERGER, Pierre Fatumbi. Orixás. Salvador: Corrupio, 2002.